25.2.15

Indícios crescentes de que os EUA não querem derrotar o ISIS

O Ocidente não pode fingir que quer derrotar o ISIS quando se recusa a coordenar com ou apoiar o único grupo nativo fazendo ganhos substanciais contra os radicais.


Os curdos estão literalmente implorando por suprimentos para combater os radicais. Em uma entrevista surpreendente para o The Guardian, o capitão Ibrahim expressou sua surpresa ao ser abandonado pelo Ocidente. 

“Estamos intrigados com a falta de apoio. Por que isso está acontecendo? Gostamos de liberdade. Somos exatamente como vocês. Queremos o que vocês querem.”

O capitão Ibrahim está logo do lado de fora de Mosul, onde uma ofensiva está marcada para começar em abril ou maio. Essa informação foi vazada pelos estrategistas de guerra americanos, no que pareceu uma tentativa flagrante de alertar as forças do ISIS. O capitão lamentou os britânicos que têm rejeitado as solicitações dos curdos por armamento pesado, mas os estão enviando para as mesmas forças iraquianas que abandonaram centenas de veículos blindados e milhares de Humvees quando fugiram das forças do ISIS. Esses armamentos estão sendo usados agora contra os curdos, que seguram a linha de frente enquanto o exército iraquiano se reagrupa.




Houve um encontro estratégico recentemente e os curdos não foram convidados, apesar de ser a única força na área se mantendo contra os radicais.

As intenções do Ocidente são claras. A única vitória aceitável é a liderada pelo governo fantoche em Bagdá. Se a vitória for liderada pelos curdos fortaleceria o movimento nacionalista no norte do Iraque e um Curdistão independente contraria os interesses comerciais dos EUA, porque a nova nação pode não honrar os contratos assinados entre corporações ocidentais e o regime em Bagdá.

Não há sinal mais claro da falta de disposição do Ocidente em ajudar os curdos do que o fato de que o Reino Unido não quis nem vender armamentos que sobraram do Afeganistão para as milícias curdas, que estão limpando a sujeira da bagunça feita pela coalizão. Enquanto os EUA estão despejando bilhões de dólares na máquina de guerra de Israel com novos jatos de combate para atacar um povo palestino confinado, o Pentágono não parece disposto a dar aos curdos nem mesmo armamentos de segunda mão, para que possam ganhar uma luta contra um inimigo comum.

Enquanto os que contribuem para a campanha dos decisores políticos contam seus lucros, os combatentes curdos que foram capturados pelo ISIS foram exibidos em gaiolas semelhantes àquela na qual o piloto jordaniano foi queimado vivo. Ninguém espera que passem dessa semana.

O presidente dos EUA tem usado a ameaça do ISIS para obter autorização para operações militares, enquanto homens e mulheres que estão nas linhas de frente são deixados sem as ferramentas que precisam para derrotar o inimigo. É uma questão de vida e morte para o povo do Iraque. Como tem sido o caso desde 2003, o Ocidente não poderia se importar menos com o sofrimento do povo iraquiano. Tudo que importa são os interesses dos grandes negócios. Seguros dentro de salões de mármore dos escritórios governamentais nos Estados Unidos, a falta de apoio aos curdos é uma questão política desconfortável que será resolvida no tempo devido. A alguns quilômetros da linha de frente, a falta de armamento pesado para conter veículos blindados não é desconfortável, é imperdoável.