11.7.10

Obama presta homenagem às vítimas de massacre em Srebrenica

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, qualificou neste domingo o massacre de Srebrenica de "mancha em nossa consciência coletiva".

Ele exigiu, em nome do povo americano, a detenção do general servo-bósnio, Ratko Mladic, que passou à história como um dos culpados pela matança e pelo sangrento cerco a Sarajevo durante a guerra da Bósnia (1992-1995).

"Por ocasião do 15º aniversário do genocício de Srebrenica, e em nome dos Estados Unidos, somo minha voz à daqueles que lamentam a grande perda e refletem sobre a tragédia inimaginável," disse Obama.

"O horror de Srebrenica é uma mancha em nossa consciência coletiva," afirmou, numa declaração divulgada em Washington, mas também lida durante a cerimônia pelas vítimas no cemitério perto de Srebrenica.

Acusado de genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade pelo TPI (Tribunal Penal Internacional) da extinta Iugoslávia em 1995, o general Mladic, de 66 anos, é objeto de um mandato de detenção internacional desde 1996.

Ele é acusado, também, de ter comandado os 44 meses de cerco a Sarajevo que matou 10.000 pessoas em julho de 1995 e do massacre de 8.000 muçulmanos, homens e crianças, em Srebrenica.

Mladic é considerado um dos principais artífices da política de "limpeza étnica" na Bósnia, junto com o ex-presidente servo-bósnio Radovan Karadzic.

VINGANÇA

Nascido em 12 março de 1943 na cidade de Bozinovici, leste da Bósnia, Mladic passou a infância traumatizado pela morte do pai, assassinado pelas milícias croatas pró-nazistas ("ustachis") quando ele tinha apenas dois anos.

O menino, que com o passar dos anos chegaria a general, desenvolveu à medida que crescia um imenso ódio contra os ustachis e os muçulmanos.

Ávido por vingança, converteu-se em defensor do povo sérvio, que considerava ameaçado de genocídio e condenado a desaparecer ante a entrada do Islã em território europeu, defendendo com capa e espada a idéia de uma "grande Sérvia".

Como líder das milícias separatistas sérvias na Croácia, em 1992, depois da proclamação da Republika Srpska na Bósnia, foi nomeado comandante das forças sérvias da Bósnia.

Amparando-se na máxima de que "as fronteiras sempre foram traçadas com sangue e os Estados, delimitados com túmulos", Mladic permaneceu imperturbável e sem piedade à frente do cerco de Sarajevo.

Em julho de 1995, as tropas sob as ordens do general se apoderaram do enclave muçulmano de Srebrenica, que estava teoricamente sob proteção das forças da ONU, e fizeram estragos.

No ano seguinte, por uma ordem de detenção internacional, Mladic foi destituído, tendo se entrincheirado em seu feudo de Han Pijesak, uma base militar próxima a Sarajevo, e dali se deslocou a Belgrado, onde desfrutou de uma vida aprazível até a queda no 2000 do regime de Slobodan Milosevic.

Seguiram-se anos de desmentidos oficiais sobre a estada do general na Sérvia até que, em 2005, um relatório dos serviços secretos de Belgrado revelou pela primeira vez que tinha se escondido até junho de 2002 em território sérvio graças à ajuda de oficiais que o encobriam.

Em círculos nacionalistas, ele era considerado um "herói".

Fonte: Folha de São Paulo

Vítimas são enterradas em cerimônia que marca 15 anos do massacre de Srebrenica

DA BBC BRASIL

Centenas de vítimas do massacre de Srebrenica estão sendo enterradas neste domingo em uma cerimônia para marcar o aniversário de 15 anos da pior atrocidade na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Mais de sete mil homens e meninos muçulmanos da cidade foram mortos por forças sérvias da Bósnia aliadas ao então presidente sérvio Slobodan Milosevic em julho de 1995.

Os restos mortais de mais de 775 pessoas identificadas recentemente estão sendo enterrados no cemitério de Potocari, nos arredores da cidade, onde já estão quase quatro mil vítimas.

O presidente sérvio Boris Tadic participa da cerimônia, no que é considerado um gesto significativo.

SEGREGAÇÃO

Durante a guerra na Bósnia, Srebrenica foi designada protetorado da ONU, cuja segurança era mantida por tropas holandesas. Mas as forças sérvias da Bósnia passaram facilmente pelo Exército holandês.

A Corte Internacional de Justiça de Haia, na Holanda, qualifica o massacre em Srebrenica como genocídio.

Muitos sérvios na região, no entanto, rejeitam a forma como o massacre é relatado, segundo o correspondente da BBC em Srebrenica, Mark Lowen.

"O povo sérvio é retratado na mídia como tendo cometido genocídio, mas não foi assim", disse à BBC Mladen Grujicic, que trabalha para uma associação local que ajuda famílias de vítimas sérvias da guerra.

"Nenhum sérvio contesta que houve um crime em Srebrenica, mas eles ficam insultados quando os números são manipulados", disse ele, adicionando que as vítimas sérvias foram esquecidas.

Apesar das tentativas de superar o passado, Srebrenica continua segregada 15 anos após a tragédia, segundo o correspondente da BBC.

Marcando o aniversário do massacre, o primeiro-ministro britânico David Cameron disse que foi um "crime que envergonhou a Europa", apelando para que os responsáveis sejam punidos.

Em março, o Parlamento sérvio aprovou uma resolução pedindo desculpas pelo massacre, dizendo que o governo deveria ter feito mais para prevenir a tragédia.

Fonte: Folha de São Paulo

8.7.10

As oportunidades do mercado halal

O setor movimenta US$ 2,1 trilhões em todo o mundo e tem potencial para atingir mais de um bilhão de consumidores

Por Katia Simões

Espalhados pelos cinco continentes, existem hoje 1,8 bilhão de muçulmanos que consomem apenas alimentos e produtos industrializados preparados de acordo com as orientações da lei islâmica, os chamados halal. De olho nesse mercado, que movimenta US$ 2,1 trilhões no mundo (US$ 1 bilhão só no Brasil, segundo a Federação das Associações Muçulmanas), cerca de 300 empresas nacionais já exportam com o selo halal. “Mais do que preceitos religiosos, a certificação é garantia de qualidade de processos e de alimentos confiáveis, o que abre portas para novos negócios”, afirma Chaiboun Ibrahim Darviche, executivo do Serviço de Inspeção Islâmica, responsável pela habilitação de plantas industriais e empresas com foco no mercado halal.[...]

[...]“O Brasil é hoje o terceiro maior exportador de produtos halal do mundo, perdendo apenas para a China e os Estados Unidos”, diz Tarrass. Além disso, é um dos principais parceiros comerciais de vários países do Conselho de Cooperação do Golfo, entre eles Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã, Líbano e Jordânia, que só aceitam produtos certificados halal. No ano passado, exportou US$ 4,6 bilhões em produtos para esses países — boa parte desse valor em carne de frango. Segundo a Associação Brasileira de Empresas Exportadoras de Frango (Abef), 29 dos 33 frigoríficos associados fazem o abate halal. “As perspectivas para esse mercado são excelentes”, afirma Francisco Turra, presidente da Abef. “A população muçulmana tem uma taxa de natalidade superior à de outras religiões e o consumo de carne de frango por pessoa, em países como o Kuwait e os Emirados Árabes, supera 61 quilos per capita/ano. No Brasil, é de pouco mais de 40 quilos.”

Existe espaço para investir tanto no mercado interno como para exportar, dizem os especialistas. Para quem quer apostar no nicho, vale lembrar que o Oriente Médio concentra apenas 20% da população islâmica mundial. A maioria vive na Ásia (60%), e 300 milhões em países onde o islamismo não é a religião majoritária.

NOTA: A reportagem foi editada. Para lê-la na íntegra visite esse link da Pequenas Empresas Grandes Negócios.