29.2.12

ONU apoia uso do véu islâmico no futebol

A Organização das Nações Unidas (ONU) aderiu à campanha para derrubar o veto ao hijab, véu islâmico, no futebol quatro dias antes de os cartolas do esporte se reunirem para revisar a decisão.

O assessor especial da secretaria geral da ONU para esportes para o desenvolvimento e a paz, Wilfried Lemke, escreveu ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, manifestando seu apoio ao direito de usar um véu com uma abertura de velcro.



Com o véu islâmico, jogadoras do Irã celebram vitória contra a Síria, em 2007

Lemke expressou esperança de que "a questão seja resolvida de forma a respeitar tanto as leis do esporte como as considerações culturais, enquanto promove o futebol para todas as mulheres sem discriminação", disse a ONU em comunicado.

"Isso enviaria a mensagem de que toda jogadora, do mais alto nível de elite até as bases, têm o direito de decidir se usa ou não essa peça em especial do vestuário enquanto estiver no campo."




Iranianas em jogo contra a seleção da Jordânia (de branco), em 2005

"Isso daria a oportunidade para que extraordinárias atletas do sexo feminino demonstrem que o uso do véu não é um obstáculo para se distinguir na vida e nos esportes, e, portanto, contribuiria para contestar os estereótipos de gênero e trazer uma mudança nas mentalidades."

Embora esportes olímpicos como o rúgbi e o taekwondo permitam que as mulheres muçulmanas usem o véu nas competições, o futebol opõe-se à medida por questões de segurança.

No ano passado, a seleção feminina de futebol do Irã foi impedida de jogar uma partida das eliminatórias para a Olimpíada de 2012 contra a Jordânia porque as jogadoras se recusaram a tirar seus hijabs.

O Irã, que liderou o grupo na primeira rodada das eliminatórias olímpicas sem perder nenhum um jogo, foi punido com derrota por 3 x 0 naquela partida, o que colocou fim ao sonho de ir para as Olimpíadas de Londres.

A decisão sobre a proibição será analisada pelo Conselho Internacional da Associação de Futebol, que vai se reunir na Inglaterra no próximo sábado.


Fonte: Folha de São Paulo


10.2.12

Freira vai à Justiça para poder usar véu em foto da CNH no PR

ESTELITA HASS CARAZZAI

DE CURITIBA


Uma freira de Cascavel (478 km de Curitiba) conseguiu na Justiça o direito de usar o véu na foto da carteira de motorista.

A decisão, emitida no final de janeiro, se baseia na Constituição Federal, que determina que "ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política".

A irmã Kelly Cristina Favaretto, 33, já havia feito sua primeira habilitação, em 2006, com o véu, mas foi impedida de usar o hábito quando tentou renovar a carteira, em agosto do ano passado.

O motivo, segundo o Detran-PR, foi uma resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), de 2006 --posterior à primeira habilitação de Favaretto--, que determina que o motorista não pode utilizar "óculos, bonés, gorros, chapéus ou qualquer outro item de vestuário que cubra parte do rosto ou da cabeça" na foto.

A irmã protestou e resolveu recorrer à Justiça. "Eu fui em busca dos meus direitos. [O véu] Não é um acessório. É um sinal de consagração e pertence a Deus. Sem ele, eu estaria infringindo a minha opção de vida."

Favaretto entrou para a Congregação das Pequenas Irmãs da Sagrada Família aos 18 anos e usa o véu desde os 27. Em seus outros documentos, a foto foi tirada sem o véu. "No RG, eu só tinha 15 anos", conta.

Na decisão de primeira instância, a irmã perdeu a causa, pois a juíza entendeu que a resolução do Contran não era ilegal e tinha como objetivo "a perfeita identificação do condutor". "Trata-se de perfeito respeito à Segurança Pública, [...] e é uma norma geral, de caráter nacional", escreveu a magistrada Vanessa de Lazzari Hoffmann.

Foi só no TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região, em Porto Alegre, que a freira conseguiu reverter a decisão. O acórdão do TRF acolheu um parecer do Ministério Público Federal, que afirma que o uso do véu está relacionado à convicção religiosa da freira, protegida pela Constituição Federal.

"[A norma do Contran] Restringe uma liberdade religiosa para o fim de, supostamente, permitir a visibilidade do motorista e a segurança em geral", afirma o procurador Januário Paludo. "É uma exigência um tanto rigorosa. Se a freira está obrigada pela ordem a que pertence e por convicção própria a usar o véu, ela não é obrigada a retirá-lo."

A ação ainda precisa voltar à primeira instância para que, então, a Justiça permita à freira fazer a foto com o véu.

Favaretto pretende fazer sua nova carteira de habilitação "assim que tiver a decisão em mãos". Além dela, as outras 34 irmãs de sua congregação também foram beneficiadas com a sentença e poderão usar o véu na foto oficial quando sair a decisão final.


Fonte: Folha de São Paulo



Foto do Ano de 2011

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Foto do Ano de 2011 para o “World Press Photo Award”, do espanhol Samuel Aranda, mostra mulher segurando ferido durante protestos contra o ditador Ali Abdullah Saleh, no Iêmen