22.3.04

Várias Condenações ao Assassinato do Sheikh Yassin

O CAIR Condena o Assassinato por Israel de Líder Religioso

Grupo islâmico de direitos civis diz que Israel engajou em “terrorismo de estado”

(WASHINGTON, D.C., 3/22/04) – O Conselho para Relações Islâmico-Americanas (CAIR) condenou hoje o assassinato do líder religioso islâmico palestino em cadeira de rodas, chamando-o de um ato de “terrorismo de estado.”

Israel matou Sheikh Ahmed Yassin, um tetraplégico de 67 anos e a figura islâmica palestina mais proeminente, em um ataque com mísseis fora da mesquita da cidade de Gaza na segunda-feira.

Em sua declaração o CAIR disse:

“Nós condenamos essa violação da lei internacional como um ato de terrorismo de estado pelo governo fora de controle de Ariel Sharon. O assassinato extra-judicial por Israel de um líder religioso islâmico só pode servir para perpetuar o ciclo de violência em toda a região. A comunidade internacional deve agora adotar atitudes concretas para ajudar a proteger o povo palestino contra a violência arbitrária israelense.

“Nós conclamamos os EUA a se unir a seus aliados na condenação desse assassinato político e fazer com que essa condenação tenha significado cortando o fluxo dos dólares dos contribuintes americanos para Israel. São esses dólares que pagam pelas armas que Israel usa para levar adiante tais ataques ilegais.

“Até que Israel veja os palestinos como seres humanos e não apenas como animais a serem abatidos durante a “temporada de caça”(*), não haverá uma solução viável e justa para o conflito do Oriente Médio.”

(* Semana passada um alto oficial de segurança israelense disse que “a temporada de caça tinha começado,” em referência aos assassinatos de palestinos.)

O CAIR, o maior grupo islâmico de direitos civis da América também reiterou sua longa condenação a todos os atos de terrorismo, sejam perpetrados por indivíduos, grupos ou estados.

CAIR


Forças de Ocupação Israelenses Assassinam o Sheikh Ahmed Yassin

Centro Palestino para os Direitos Humanos – 22 de Março de 2004

Em um ato de terrorismo de estado as forças de ocupação israelense assassinaram o Sheikh Ahmed Yassin, 66, fundador e líder político do Movimento Islâmico de Resistência (Hamas), imediatamente após ele ter deixado a mesquita depois de ter terminado a oração da alvorada. Além do Sheikh Yassin, 7 civis palestinos, incluindo 3 dos guarda-costas do Sheikh Yassin, foram mortos, e 17 outros feridos, incluindo dois dos filhos de Sheikh Yassin. Esse ato ilegal e beligerante é uma implementação das ameaças das autoridades israelenses de assassinarem o Sheikh Yassin, que foram recentemente articuladas por políticos e militares israelenses.

A mídia israelense relatou após o incidente que fontes oficiais israelenses anunciaram que o assassinato foi aprovado pelo governo israelense e que o Primeiro-Ministro Ariel Sharon tinha pessoalmente supervisionado o ataque.


Palestinian Centre for Human Rights


Comunicado à Imprensa do Gush Shalom - 22 de Março de 2004

O assassinato do Sheikh Ahmad Yassin, com a concomitante matança de transeuntes, é um ato provocativo louco por um governo que perdeu todo o seu limite. É um ato de um bombeiro piromaníaco cujo método de apagar o fogo do terrorismo é jogar barris de gasolina sobre ele, um ato que pode custar a vida de dúzias ou centenas de cidadãos israelenses no futuro próximo.

A conversa do Primeiro-Ministro Sharon de “sair de Gaza”, que tomou conta das manchetes nos últimos meses, se revela agora não ser nada mais do que tagarelice. Longe de seriamente pretender evacuar um mínimo do território ocupado, esse primeiro-ministro falido – confrontado com investigações policiais em uma miríade de corrupção referente a ele e seus filhos – parece determinado a deixar para o seu país o legado da guerra eterna com os palestinos e o mundo árabe e muçulmano inteiro.

Cada dia que esse homem permanece no poder representa um perigo grave para o futuro dos israelenses e palestinos. Gush Shalom, o Bloco da Paz Israelense, conclama a todas as forças sãs e responsáveis remanecentes na comunidade internacional a intervir, urgente e forçosamente, para salvar nossa região do topo do abismo e parar o ciclo monstruoso de banho de sangue que agora ameça nos engolir.

Gush Shalom


MCB Condena o Assassinato Terrorista por Israel do Sheikh Ahmed Yassin – Conselho Islâmico Britânico

O Conselho Islâmico Britânico (MCB em inglês) condena nos mais fortes termos o assassinato criminoso por Israel do sheikh Ahmed Yassin.

“Esse ato hediondo de terrorismo de estado contra um homem inválido quando ele estava deixando a mesquita depois das orações da alvorada está empurrando a região inteira para ainda mais próximo do abismo da violência descontrolada, e precisa ser detido,” disse Iqbal Sacranie, secretário-geral do MCB.

“Nós consideramos a comunidade internacional e os EUA diretamente responsáveis por permitirem as Forças de Ocupação Israelenses a continuar ocm sua política de matança e aterrorização dos civis palestinos. Nenhuma quantidade de força militar e assassinatos trará uma solução final para o “problema palestino,” acrescentou Iqbal Sacranie.

Nossas orações sinceras e condolências vão para o povo palestino em sua luta para viver em paz, com dignidade e liberdade em sua própria terra.

The Muslim Council of Britain Boardman House 64 Broadway Stratford London E15 1NT Tel: 020 8432 0585/6 Fax: 020 8432 0587
E-mail: admin@mcb.org.uk

Assassinato Puro e Simples

A intenção real do assassinato do sheikh Ahmed Yassin é idêntico ao estratagema da liberação de Sharon: bloquear qualquer oportunidade significativa para a retomada dos esforços na direção de negociações genuínas. O objetivo é o assassinato de qualquer chance de paz.

A política de assassinatos era imoral e ilegal em primeiro lugar. Não tinha nada a ver com a prevenção do terror. A intenção real dos assassinatos era legitimar o emprego do assassinato político como um instrumento na execução dos crimes contra o povo palestino, da punição coletiva ao politicídio – a negação de seus direitos nacionais. No contexto presente, esses também são crimes contra o povo de Israel.

Sharon optou por incluir a política de assassinatos como arma para defender sua autoridade enfraquecida. Sua coalisão está se desmoronando, seus ministros abertamente o desafiam, o seu partido está em desordem. E o mais importante: o seu prestígio com o público está em estado de desintegração.

Algumas semanas atrás ele teve apoio maciço do público que acreditou que ele estava tentando nos tirar da bagunça atual. Mas ele também desperdiçou esse último vestígio de prestígio pela sua estranha inconsistência e recusa em dizer o que ele estava fazendo exatamente. Ser aventureiro sempre foi natural para Sharon, e ele continua se sentindo mais confortável em trajes de guerra. Assim nós descobrimos que o envelhecido general, frustrado e mais isolado, dirigiu pessoalmente o ataque de helicóptero “heróico” sobre um comboio civil de um líder religioso em seu caminho para a adoração.

Existe método nessa loucura. Se um ato foi designado para aprofundar a hostilidade do mundo árabe e muçulmano contra Israel, seu povo e seus aliados, foi esse. Sharon está apostando o futuro de Israel no confronto entre civilizações. Sua esperança para a sobrevivência de Israel está espetada nas bandeiras do tipo de Cristandade de George Bush e sua batalha contra o mundo árabe e muçulmano.

A aliança Bush-Sharon irá regar a presente tempestade. Os dois precisam um do outro em sua hora de adversidade. Ainda assim, o presente namoro de Sharon com o assassinato político pode causar problemas em Washington, onde coisas desse tipo são despachadas para departamentos adequados de truques sujos. Nas capitais desse mundo, líderes usualmente não se gabam de matar outros líderes.

Jerusalém

22 de Março de 2004
Reuven Kaminer (ativista israelense e escritor)
E-mail: mssourk@mscc.huji.ac.il

Nota da WAMY condenando o assassinato do Sheikh Ahmad Yassin

EM NOME DE DEUS, O CLEMENTE, O MISERICORDIOSO


Louvado seja Deus, O mais Justo dos justos, que criou a humanidade, lhe deu o Livre-Arbítrio e ordenou que ela fosse obediente a Ele, para que pudesse viver em paz e harmonia.

A Comunidade Islâmica está de luto pelo assassinato do Sheikh Ahmad Yassin, praticado pelo Governo de Ariel Sharon enquanto saia de uma mesquita, onde havia realizado a oração da alvorada, atingido por mísseis disparados por um helicóptero.

Acreditamos que desta forma, esse ato inconseqüente de Ariel Sharon e de seus apoiadores coloca o povo na região num perigo maior, forçando-os a viverem inseguros e aterrorizados, como ajuda a aumentar, também a escalada da violência na região, já que houve juramentos de vingança por parte dos palestinos.

Não acreditamos que dessa forma, Ariel Sharon irá estabelecer a segurança para o seu povo, prolongando o genocídio do povo palestino e seus líderes.

Condenamos esse assassinato, como responsabilizamos Ariel Sharon, seu Governo e todos os seus apoiadores, por ele, já que é sabido que na campanha eleitoral e nos últimos meses ele prometia esses atos terroristas, como também era de conhecimento geral seu histórico de violência contra vidas inocentes de crianças, mulheres e idosos.

Acreditamos que o único caminho para a paz e segurança para todos é a justiça, dar a cada qual o seu devido direito, valores imutáveis do Islam e de seus seguidores.

Sheikh Ali Abdouni
Sheikh Jihad Hassan
Representantes da Comunidade Islâmica no Brasil
WAMY

16.3.04

Muçulmanos Condenam Fortemente Explosões em Madri


Uma multidão saiu em passeata na Espanha, protestando contra os atentados

MADRI, Março 13 (IslamOnline.net & News Agencies) - Os Muçulmanos do mundo inteiro condenaram as explosões em Madri, deixando claro que a matança de civis é proibida em sua religião, independentemente de onde ou de quem cometa os ataques.

Depois das explosões, que deixaram 200 pessoas mortas e 1.400 feridas, um populoso grupo de Muçulmanos se juntou do lado de fora do Centro Cultural Islâmico na capital espanhola para levantar fortemente suas vozes contra o terrorismo.

"Estas explosões não foram apenas contra a religião Islâmica mas também contra a humanidade inteira", disse aos repórteres o Diretor do centro Cultural Islâmico em Madri, Saleh bin Mohammed Al Sinaidi ,na sexta-feira, 12 de Março.

"Nós lamentamos profundamente que tais incidentes tenham atingido nossa cidade, onde também vivem Muçulmanos", disse Al Sinaidi , através de um intérprete.

Os oficiais do Centro mandaram uma carta de condolências às famílias das vítimas das explosões, as piores que atingiram a Europa em anos, nas quais 10 bombas explodiram através de vagões de trens lotados e três estações ferroviárias no sudeste da capital.

Eles também pediram às autoridades espanholas que intensificassem os esforços para apanhar os perpetradores dos ataques, que levaram mais de 11 milhões de pessoas às ruas da Espanha em uma mostra sem precedentes de tristeza e fúria.

A confusão reinou no que se refere a culpar o grupo separatista basco ETA ou a rede al-Qaeda, para a qual um grupo reclamou a responsabilidade, através de um e-mail inverificável.

Analistas claramente continuam apontando um dedo acusatório para os separatistas do ETA, dizendo que uma "pista" vã seria mais uma distração e que à evidência falta credibilidade.

O governo de Madri, que está buscando a reeleição em votação legislativa no dia 14 de Março, em parte por seus registros de insucessos ao lidar com o ETA, considera a organização militante basca seu primeiro suspeito nos ataques.

Outras Condenações

Os grupos Muçulmanos também se apressaram em denominar as explosões como atos grosseiros e criminosos.

O Conselho Muçulmano Britânico (MCB) disse que denuncia estas atrocidades "totalmente e inequivocamente".

As explosões coordenadas na estação de Atocha no centro da capital espanhola e em outras estações foram atrocidades deliberadas e premeditadas que foram planejadas para inflingir more e destruição em escala massiva", disse Iq"" bal Sacranie, Secretário - Geral do Conselho Muçulmano Britânico.

"Os corações dos Muçulmanos e de todas as pessoas de consciência se voltam para as famílias cujas pessoas amadas foram assassinadas e daqueles que foram feridos nessas atrocidades absurdas." Sacranie disse numa entrevista à imprensa.

O MCB também condenou o uso pela mídia do termo "terroristas Islâmicos" como usado pelos canais da mídia para descrever estas pessoas claramente demoníacas que cometeram esses crimes odiosos.

Tentar ligar essas bárbaras e desumanas atrocidades aos ensinamentos do Islam e ao Corão é também um crime que está alimentando a demonização do Islam e dos Muçulmanos,disse o MCB na entrevista.

"Instamos a todos os envolvidos exercitar a maior circumspecção ao lidar com tais crimes contra a humanidade,que afetam a todos, na comunidade mundial", disse Sacranie.

De acordo com o Sheikh Yusuf Al-Qaradawi, um proeminente líder moderado islâmico, o Islam proíbe todos os tipos de agressão contra civis.

"O Islam não permite agressão contra pessoas inocentes, seja a agressão contra a vida, propriedade ou honra, e esta regra se aplica a todas as pessoas, independentemente de posto, status e prestígio", disse Qaradawi said num edito.

"O Islam não mantém uma política de duas faces ao salvaguardar os direitos humanos e nem tem por objetivo justificar os fins, ao atacá-los" , acrescentou.

'Retrocesso'

De volta a Washington, o Conselho das Relações Americo-Islâmicas (CAIR) - o maior grupo Islâmico de liberdade civil da America - condenou os ataques mortais no pico da hora do rush em Madri.

"Estes atos perversos de terrorismomerecem a mais forte condenação possível por todas as pessoas civilizadas. Pedimos por uma apreensão rápida e punição dos perpetradores", o grupo disse numa mensagem na Quinta-feira.

"Aqueles que executam tais crimes apenas geram retrocesso para qualquer que seja a causa que esposam" acrescentou.

O CAIR também reitera sua condenação de longa data de todos os atos do terrorismo, sejam eles perpetrados por indivíduos, grupos ou estados.

Imediatamente após as explosões, o Ministro do Interior da Espanha disse que "não havia dúvidas" de que o ETA era responsável.

Descrevendo a descoberta da van como "uma nova pista", ele disse que o foco da investigação permanece o ETA, mas devemos ser muito cautelosos e investigar outros caminhos.

O grupo militar basco tem sido culpado pela morte de mais de 800 pessoas em seus 36 anos de violenta campanha pela independência do nordeste de sua pátria.

Leia a notícia no original em inglês

Opinião da WAMY sobre os atentados de 11/03

A Comunidade Islâmica no Brasil lamenta e condena o atentado de 11 de março na cidade de Madri, independentemente dos autores, sendo muçulmanos ou não, pois, o Islam proíbe tirar a vida de inocentes, ou mesmo, colocá-la em risco, sendo estes inocentes muçulmanos ou não, da mesma forma como condenamos o assassinatos e o massacre de inocentes na Palestina, Iraque, no Afeganistão, em Angola, Burundi, Chechênia, etc..

Lamentável termos que assistir a raça humana deixando valores divinos de lado pra poder reunir mais poder ou riquezas em troca de vidas inocentes, invasões de países sem direito, humilhação de povos, instalação de ditaduras com a máscara de democracias.

Triste assistirmos inocentes morrendo por conta de atitudes insensatas de líderes que alegam defender o povo e o colocam em perigo, tomando decisões precipitadas, somente para agradar outros líderes. Não podemos somente assistir e lamentar, mas temos que mostrar o que o Islam de fato nos ensina, como justiça, paz, amor, fraternidade, solidariedade, igualdade e todos os valores e qualidades que qualquer sociedade, pessoa ou mesmo religião tenta aplicar e divulgar.

Mesmo que os autores sejam muçulmanos, isso não indica que a culpa seja de todos os adeptos do Islam, assim como não podemos culpar todos os cristãos pelas Cruzadas que massacraram centenas de milhares de inocentes muçulmanos, judeus, inclusive próprios cristãos, nem culpar todos os judeus pelos massacres que são praticados diariamente pelo Governo de Ariel Sharon contra os palestinos.

Sheikh Ali Abdouni
Sheikh Jihad Hassan
WAMY - AMÉRICA LATINA

12.3.04

CAIR Condena os Ataques em Madri

(WASHINGTON, D.C., 3/11/04) – O Conselho Para Relações Islâmico-Americanas (CAIR, em inglês) condenou hoje os ataques mortais à bomba na Espanha que deixou em torno de 190 mortos. As explosões ocorreram através dos trens e estações na quinta-feira de manhã no auge do horário do “rush” em Madri.

Em sua declaração o CAIR disse:

“Esses ataques brutais de terrorismo merecem a mais forte condenação possível de todas as pessoas civilizadas. Nós pedimos a prisão e punição imediata de seus perpetradores. Aqueles que cometem tais crimes geram apenas repulsa por qualquer que seja a causa que abracem.”

O CAIR, o maior grupo islâmico de direitos civis da América também reiterou sua longa condenação a todos os atos de terrorismo, sejam perpetrados por indivíduos, grupos ou estados.

CAIR
Council on American-Islamic Relations
453 New Jersey Avenue, S.E.
Washington, D.C. 20003
Tel: 202-488-8787, 202-744-7726
Fax: 202-488-0833
E-mail: cair@cair-net.org
Site do CAIR

5.3.04

O ex-refugiado libanês que é referência mundial na luta contra o câncer e optou por ser brasileiro

Riad Younes chegou ao país com 16 anos, sem documentos, fugido da guerra civil do Líbano. Sentiu-se acolhido pelos brasileiros e se transformou em um dos maiores especialistas em câncer de pulmão, ajudando a projetar internacionalmente o Hospital do Câncer, em São Paulo. É ainda pesquisador, professor universitário e jornalista bissexto. Em dezembro de 2003, integrou, "emocionado", a comitiva brasileira que acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem aos países árabes.

Sergio Tomisaki



Riad Younes: 'Me sentia atraído pela capacidade do cirurgião de resolver os problemas com as mãos'

Cristina Iori

São Paulo - A guerra civil expulsou do Líbano a família Younes, de religião muçulmana, que chegou refugiada a São Paulo em 1976 - o casal Naim e Wajiha, e os dois filhos, Riad e Khaled. O filho mais velho ingressou, dois anos mais tarde, aos 18 anos, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Hoje, aos 44 anos, naturalizado brasileiro há 11, o cirurgião Riad Younes é um dos maiores especialistas do país em câncer de pulmão, e um de seus trabalhos já foi incluído entre os dez melhores da década publicados no mundo, segundo o American College of Chest Physicians. Que sorte para o Brasil ter acolhido a família Younes.

"Sorte a minha ter chegado aqui", retruca o médico de altura média, magro, gestos comedidos, que tem colecionado façanhas abaixo do Equador. A primeira façanha foi driblar as dificuldades do idioma e as circunstâncias que enfrentam todos os que não têm outra saída a não ser abandonar seu passado sem deixar rastros.

Riad Younes chegou ao Brasil sem documentos e não poderia estudar sem comprovação de escolaridade. No entanto, graças à Lei dos Refugiados de Guerra, em vigor nos anos 1970 por causa dos angolanos que para cá vieram, o garoto libanês pôde estudar em um colégio estadual de São Paulo, após realizar uma prova. Do colégio público para a Faculdade de Medicina da USP foi um salto gigantesco e demonstra que a família Younes não demorou a sentir-se em casa no novo país. "Jamais me senti discriminado aqui, nem mesmo quando não podia falar o idioma", diz ele.

Atualmente, Riad Younes conjuga sua intensa atividade como cirurgião - é chefe do Departamento de Cirurgia Torácica do Hospital do Câncer e membro do conselho diretor do Hospital Sírio-Libanês - com a pesquisa básica, produzida em laboratórios que coordena como professor titular na Faculdade de Medicina da USP e no Centro de Pesquisas Oncológicas da Universidade Paulista (Unip). Também atua como jornalista bissexto - assina a coluna e o encarte de saúde da revista "Carta Capital" e edita a revista "Câncer Hoje".

Palestras em todo o mundo

A paixão pela pesquisa Younes traz dos tempos de faculdade, no final dos anos 1970. Quando cursava o primeiro ano, começou a trabalhar com o professor Maurício Rocha e Silva no laboratório que estudava opções de tratamento para choques hemorrágicos graves. "Tem gente que coleciona coisas, gosta de viajar, fazer compras. Eu gostava de ficar no laboratório", ele conta. Passou os cinco anos de faculdade sem férias, sem folgas, sem lazer, imerso em seus estudos. O resultado veio logo. Antes mesmo de receber o diploma de médico, Riad Younes já havia realizado palestras em 17 países.

Tornou-se mundialmente conhecido o resultado desta pesquisa de Younes, uma solução superconcentrada de soro, onde 250 ml equivalem a 3 litros de soro comum, para utilização em situações emergenciais, quando substitui a anterior com vantagens de manipulação, transporte e rapidez de atendimento. Até soldados norte-americanos em frente de batalha carregam em suas mochilas embalagens com o soro hiperconcentrado, para auto-aplicação, caso sejam feridos.

O sucesso em laboratório poderia ter indicado ao jovem Younes um caminho seguro. No entanto, não era sua intenção ser cientista, e sim médico. "Para mim, a pesquisa em laboratório era um hobby".

O desafio da cirurgia

Durante o período de internato, quando os estudantes de quinto e sexto anos da Faculdade de Medicina da USP começam a atuar no Hospital das Clínicas, ele decidiu enfrentar um novo desafio: ser cirurgião. "Me sentia atraído pelos doentes mais graves, e pela capacidade que o cirurgião adquire de resolver os problemas com as mãos".

Com a intenção de aperfeiçoar-se em cirurgias de câncer de pulmão, candidatou-se e ingressou como fellow do Departamento de Cirurgia do Memorial Sloan-Kettering de Nova York, onde permaneceu por dois anos, de 1988 a 1990.

Ao voltar, em 1990, foi convidado a ser o chefe do Departamento de Cirurgia Torácica do Hospital do Câncer, que naquele momento passava por uma total reformulação. "Adotei no Hospital do Câncer o enfoque multidisciplinar no atendimento ao paciente. As decisões passaram a ser tomadas em conjunto, por vários especialistas. Antes, um cirurgião poderia orientar o tratamento por quimioterapia, o que é um absurdo", diz.

Referência internacional

O trabalho da equipe de Riad Younes no Hospital do Câncer tornou-se referência no Brasil e no mundo. Em 1999, foi publicado na revista internacional Chest o estudo que traz a descrição da rotina e estratégia de seguimento dos doentes de câncer de pulmão após cirurgia no Hospital do Câncer. Este texto foi selecionado pelo American College of Chest Physician entre os dez melhores trabalhos da década sobre câncer de pulmão, além de ser recomendado como leitura para todos os especialistas da área.

Ao completar dez anos à frente do Departamento de Cirurgia Torácica, Younes coletou e reuniu em um livro dados completos de todos os 840 casos tratados totalmente no Hospital do Câncer durante a década. O livro "Câncer de Pulmão: Prevenção, Diagnóstico e Tratamento - 1990/2000" é referência para profissionais da área, e demonstra a ânsia de Riad Younes em acumular experiência e fixar procedimentos na sua especialidade.

Tratar um paciente com câncer de pulmão é por definição um caso difícil. "94% são fumantes. Muitos chegam a mim quando já estão com os pulmões queimados e destruídos. E cabe ao cirurgião tentar preservar ao máximo partes do órgão".

Como cirurgião, Younes define a si mesmo como "tranqüilo", ou seja, não é dado a explosões de raiva ou autoritarismo quando está em sala de cirurgia. Opera quase que diariamente, e cada cirurgia pode durar até quatro horas. Uma das coisas que ele mais aprecia é tomar decisões rápidas quando o paciente está na mesa de operação, em situações que causariam calafrios ao mais frio dos mortais que não estivesse de sobreaviso. "Quanto mais racional estiver, melhor", diz.

"Fiquei arrasado"

Mesmo assim, com uma década de experiência à frente do Hospital do Câncer e dois anos "que equivalem a 20" no Memorial Sloan- Kettering de Nova York, Younes se depara com coisas que o deixam arrasado. Certa vez, considerou que seria simples uma cirurgia para extirpar um tumor pequeno, "minúsculo, segundo todos os exames", de um homem jovem, de 38 anos. Durante a cirurgia, veio a surpresa. Por todo o pulmão do paciente havia pequenos nódulos, imperceptíveis aos exames de imagem comumente feitos, e que indicavam a presença maciça da doença. "Não havia o que fazer. Nem cheguei a operá-lo", conta Younes. "Contar a ele foi muito triste".

No entanto, há casos em que a surpresa vem acompanhada da vitória. "Fui chamado às pressas a uma cirurgia que um assistente meu estava realizando, caso de um tumor de pulmão que na verdade já invadira o coração, outra situação não detectável em exames pré-cirúrgicos. Dessa vez, no entanto, conseguimos extirpar completamente o tumor sem prejuízo para o paciente. Foi gratificante", diz.

Tudo isso e a pressão cotidiana de atender e dar informações a pacientes que estão diante da morte tornam os dias de Riad Younes estafantes. Ao chegar em casa, precisa de meia hora de silêncio, antes de poder voltar tranqüilamente ao convívio da mulher Nadia, e das filhas, Yasmin, 10, e Nassrin, 7. Para a família, a presença do cirurgião também exige adaptações. Em seu consultório, há um desenho feito pela filha mais velha, que em vez de princesas, casinhas ou animais, retrata a figura de uma pessoa com o peito aberto, e o desenho de cada órgão interno, sua indicação e localização exata.

Trata-se de uma família árabe que segue os preceitos gerais da religião muçulmana. Younes não bebe e não come carne de porco. Pratica o jejum no período do Ramadã, e já fez uma peregrinação à Meca. Também não fuma, mas este hábito ele não refuta apenas por fé ao islamismo.

De volta ao Líbano, com o Lula

Este homem que enfrenta graves dilemas com seus pacientes, e já esteve enclausurado em uma pequena casa no interior do Líbano, durante um combate entre facções rivais, também é capaz de manter o bom humor. Em 1998, por sugestão do jornalista Mino Carta, responsável editorial pela revista "Carta Capital", escreveu um texto sobre um passeio que fez a Brasília, durante uma convenção partidária.

"Tinha a curiosidade de saber o que os políticos fazem. Ficaram sabendo e me convidaram a comparecer a um encontro político com crachá de jornalista. Fui, e me diverti à beça", conta Younes. O texto, "Sentiram minha falta em Brasília", o primeiro de uma série que se mantém até hoje, narra sua perplexidade diante do ambiente político. O título é uma brincadeira. Um político o cumprimentou como se o conhecesse e estranhou o fato de ele "andar sumido".

Em dezembro de 2003, como representante na área de saúde, Riad Younes integrou a comitiva brasileira que acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem aos países árabes. Um momento histórico, já que se tratou da primeira visita de um chefe de estado brasileiro desde Dom Pedro II. Para Younes, além disso, foi "emocionante, indescritível".

"Me senti como se estivesse fazendo o caminho inverso e participando de algo bom para os dois países", declarou. Ele disse ter ficado feliz com a boa receptividade das autoridades ao presidente Lula e aos brasileiros.

O médico participou de eventos na Síria e Líbano, e nestes dois países pôde entrar em contato também com representantes do Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.

Segundo Younes, há inúmeras possibilidades de intercâmbio com os países árabes na área de saúde. Uma das áreas é o ensino médico e o treinamento de paramédicos, além de intercâmbio acadêmico. A transferência de tecnologia de ponta e know-how, como por exemplo em transplantes, em que o Brasil tem destaque internacional, é outra possibilidade.

Estuda-se ainda o encaminhamento de pacientes para tratamento em nossos centros de excelência, possibilidade que exporia aos países árabes a tecnologia de nossos aparelhos e procedimentos hospitalares. Há também a semelhança dos problemas de saúde inerentes a países em desenvolvimento, como aqueles decorrentes de falta de saneamento básico. O Brasil tem ainda condições de repassar a própria experiência, bem-sucedida, de campanhas de vacinação em massa.

O médico de origem árabe Riad Naim Younes é assim: preocupa-se com seus pacientes, preocupa-se com o Brasil. Por sorte ou por destino, mantém-se afastado de outras tantas batalhas e disputas, como as expostas no texto sobre Brasília. Prefere a guerra diária contra o câncer, para nosso bem-estar e saúde.

Fonte: ANBA

4.3.04

Al-Qaida nega bombardeios no Iraque

4 Março 2004




Os bombardeios foram os maiores ataques desde a guerra

A Al-Qaida negou envolvimento nos bombardeios anti-xiitas que mataram em torno de 200 pessoas no Iraque durante a cerimônia religiosa de Ashura. Em uma declaração obtida pela Aljazeera.net na quinta-feira, a Al-Qaida culpou os “cruzados” americanos pelos ataques.

“Nós dizemos a todos os muçulmanos: não temos nada a ver com esse ato,” disse a declaração.

A declaração considerava os ataques “um plano americano para provocar um conflito sectário entre muçulmanos no Iraque”.

“Nossos objetivos são claros: nós estamos atacando os cruzados americanos e seus aliados. Estamos atacando a polícia iraquiana que está sendo usada pelos EUA para atacar os mujahidin no Iraque.”

“Estamos atacando os agentes dos EUA no Conselho de Infiéis, o pseudo Conselho do Governo e as pessoas associadas com ele, sejam elas sunitas ou xiitas,” informava a declaração.

Leia a notícia na íntegra em inglês

O CAIR Condena as Matanças no Iraque e Paquistão

Grupo islâmico de direitos civis chama os ataques de “sem sentido e vergonhosos”

Um proeminente grupo islâmico de direitos civis e advocacia condenou hoje como “sem sentido e vergonhosos” os ataques terroristas sobre os muçulmanos xiitas no Iraque e Paquistão que matou quase 200 pessoas e feriu centenas.

O Conselho Para Relações Islâmico-Americanas (de sigla CAIR, em inglês) baseado em Washington disse que os muçulmanos de todo o mundo devem responder aos ataques com ações projetadas para promover a unidade religiosa e a estabilidade política.

No Iraque três ataques suicidas mataram pelo menos 143 adoradores em Bagdá e Karbala. Em torno de 44 pessoas também foram mortas em um ataque à uma procissão religiosa no sudeste do Paquistão. (Um ataque semelhante matou uma pessoa no Afeganistão.) Todos os atingidos nos ataques de terça-feira eram muçulmanos xiitas comemorando a Ashura, o décimo dia depois do Ano Novo Islâmico e o aniversário do martírio do neto do Profeta Muhammad.

Em sua declaração o CAIR disse:

“Nós condenamos esses ataques sem sentido e vergonhosos nos mais fortes termos possíveis e conclamamos à uma rápida prisão e punição dos seus perpetradores. Ambos os atos de terror foram particularmente repugnantes porque os responsáveis atingiram adoradores durante práticas religiosas.

“Um motivo óbvio para as matanças foi criar divisões sectárias e promover o ódio dentro da comunidade. A única resposta adequada para esses ataques desprezíveis é um esforço redobrado por parte de todos os muçulmanos para promover a unidade religiosa e a estabilidade política na comunidade islâmica em todo o mundo.”

O CAIR, o maior grupo islâmico de direitos civis dos EUA, está baseado em Washington e tem 25 escritórios regionais em todo o país e no Canadá.

Site do CAIR, em inglês