Marina Sarruf
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São Paulo – Os alunos brasileiros de escolas públicas municipais, estaduais ou federais também podem ter a oportunidade de fazer intercâmbio no exterior, inclusive num país árabe, como o Egito. Isso é possível devido à parceria entre as unidades brasileira e egípcia da organização internacional não governamental AFS Intercultural Programs, presente em mais de 50 países, que oferece bolsas de estudo para alunos carentes.
A AFS Intercultura Brasil, unidade brasileira, tem como objetivo promover o aprendizado intercultural por meio de intercâmbios entre os povos, principalmente para jovens que desejam estudar ou trabalhar no exterior. Este ano foram selecionados dois brasileiros, um de São Paulo e outro do Rio de Janeiro, para estudar no Cairo, capital do Egito, no ano que vem. Desde 2004, quando foi firmada a parceria entre as duas unidades, dois estudantes já ganharam bolsa de estudo.
De acordo com a assistente de marketing da AFS Intercultura Brasil, Luiza Fischer, a bolsa inclui um ano de estudo, passagens aéreas e seguro saúde. "Os alunos selecionados ficam durante um ano morando na casa de uma família, que também é voluntária, não recebe nada por acolher o estudante", afirmou.
Segundo Luiza, para concorrer às bolsas de estudo, os alunos devem ter entre 15 e 17 anos, terem boas notas e estarem regularmente matriculados na escola. "Além disso, o aluno tem que ser engajado socialmente e levar a causa da paz, que é um dos nossos objetivos também", disse. Os estudantes interessados passam por um processo seletivo feito por voluntários da AFS Brasil.
O estudante de Florianópolis, Santa Catarina, Bruno Bortoli, foi o segundo bolsista a participar do intercâmbio para o Egito. Ele foi para o Cairo em agosto de 2005 e voltou em julho do ano passado. "Escolhi o Egito porque era o país mais diferente e acho que quanto mais diferente é o país mais a gente aprende", disse ele que concluiu o último ano do Ensino Médio numa escola americana do Cairo.
De acordo com Bortoli, ele sempre teve curiosidade e vontade de conhecer o Egito. "Sempre tive interesse pela cultura árabe, pelos muçulmanos e pela própria história egípcia". No início, Bortoli estranhou, segundo ele tudo era muito diferente, desde a comida até os costumes. "Fiquei numa casa de uma família muçulmana. Tinha o pai, a mãe e cinco filhos, era uma família grande. Lá eles comiam muito, dançavam e cantavam bastante. Eu me apaixonei.”
A experiência para Bortoli valeu a pena. Ele disse que para se comunicar melhor com a família e os colegas aprendeu até a língua árabe. "Consigo entender mais do que falar, mas sei me virar", disse. "Penso muito em voltar para lá", completou. Atualmente, Bortoli, que está com 19 anos, está cursando duas faculdades, de Geografia, na Universidade de Santa Catarina (UDESC), e de Matemática, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Outros programas
A AFS do Brasil também oferece programas regulares de intercâmbio, que são pagos, mas o aluno recebe todo o apoio da organização no país escolhido. Inclusive, existe atualmente um estudante no Egito fazendo intercâmbio pelo programa regular e para o ano que vem, além dos dois bolsistas, um outro aluno também escolheu o país árabe para fazer o intercâmbio.
De acordo com Luiza, também existe a possibilidade de trazer estudantes egípcios para o Brasil, mas até o momento ainda não houve interessados. Pelos programas da AFS do Brasil, cerca de 500 brasileiros vão para o exterior por ano, principalmente para os Estados Unidos, Canadá, Austrália e Alemanha. Já no caminho inverso o número é bem menor, cerca de 200 estrangeiros vêm para o Brasil pelo programa da AFS. Os intercambistas, na maioria, são da Alemanha.
Além dos programas de intercâmbio para estudantes, a AFS do Brasil oferece programas de estágio não remunerado, de trabalho voluntário, para professores e programa de intercâmbio intensivo Brasil-Alemanha.
Contato
AFS Intercultura Brasil
Tel: +55 (21) 3724-4464
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Site: www.afs.org.br
Fonte: ANBA