O profeta Mohamed nunca desrespeitou as outras religiões dos territórios conquistados pelo povo muçulmano. Nunca obrigou ninguém a se converter à força, pois, para o Criador, não existe diferença entre as pessoas por sua religião. Humildemente, procuro manter nas minhas relações pessoais e profissionais este respeito que o profeta nos ensinou. Sou professora de História e falo sobre todas as religiões, sempre com muito respeito e sem tentar impor nada a ninguém. Na sexta série, discutimos as religiões em sala de aula, como parte do programa curricular. Eu evito falar muito na minha, mas até pela minha aparência, os alunos têm curiosidade de saber mais. É interessante a reação deles depois que eles vêem filmes e descobrem diferentes costumes da religião muçulmana. Eles aprendem que algumas coisas são diferentes e começam a me cumprimentar com muito carinho, com uma expressão comum em minha religião: “assalámoalaikumwarahmatullah, professora!” (que a paz e as bênçãos de Alá estejam convosco). Eles também passam a se preocupar com os meus costumes e tradições, com a questão do véu, por exemplo, sempre me avisam se por acaso alguns fios de cabelo escaparam para fora. Fico comovida, pois essa é a maior prova que eles poderiam me dar de que as aulas estimulam a reflexão sobre as diferenças culturais e religiosas. Considero isso uma questão de respeito, uma maneira de entender o outro em seus sentimentos e valores. Procuro não trabalhar com a temática da igualdade, mas sempre com o respeito às diferenças. É o respeito que gera a igualdade.
NOTA: Essa entrevista é parte da matéria "Minha fé é o amor", veiculada na revista UMA.
NOTA: Essa entrevista é parte da matéria "Minha fé é o amor", veiculada na revista UMA.