Enquanto o mundo assistia ao Oscar o povo de Mosul assistia
a um show diferente. Estavam horrorizados ao ver os membros do ISIS queimarem a
biblioteca pública de Mosul, bombardeando a biblioteca com explosivos
improvisados. Entre os muitos milhares de livros que abrigava, mais de 8.000
livros e manuscritos raros foram queimados.
A biblioteca foi estabelecida em 1921, mesmo ano do
nascimento do Iraque moderno e entre as coleções perdidas estavam manuscritos
do século 18, livros siríacos impressos na primeira gráfica do Iraque no século
19, livros da era otomana, jornais iraquianos do início do século 20 e algumas antiguidades
como um astrolábio e um relógio de areia usados pelos antigos árabes. A
biblioteca tinha hospedado bibliotecas pessoais de mais de 100 famílias
influentes de Mosul ao longo do século passado.
Durante a invasão americana ao Iraque em 2003 a biblioteca
foi pilhada e destruída, mas as pessoas vivendo nas proximidades conseguiram
salvar a maioria de suas coleções e famílias ricas compraram de volta os livros
roubados, que foram devolvidos à biblioteca.
“Há 900 anos, os livros do filósofo árabe Averróes foram
coletados e queimados diante de seus olhos. Um de seus estudantes começou a
chorar ao testemunhar a queima. Averróes disse a ele... as ideias têm asas... mas
choro hoje por causa de nossa situação”, disse Rayan al-Hadidi, um ativista e
blogueiro de Mosul.
No mesmo dia em que a biblioteca foi destruída o ISIS aboliu
uma antiga igreja em Mosul: a igreja de Maria, a Virgem. O teatro da
Universidade de Mosul também foi queimado. Na província de al-Anbar a campanha
do ISIS de queimar livros destruiu 100.000 títulos e em dezembro passado o ISIS
queimou a biblioteca central da Universidade de Mosul.