Este ano marca o 40º aniversário da chamada Guerra dos Seis Dias, que resultou na ocupação por Israel dos territórios palestinos de Gaza e Cisjordânia, das colinas de Golan (Síria) e do deserto do Sinai (devolvido ao Egito, em 1982, em troca de um tratado de paz). Também foi conquistada a parte oriental de Jerusalém, que poucos países reconhecem como capital de Israel.
A experiência da ocupação provou que não há solução militar para o conflito palestino-israelense e que a paz é vital para os dois povos. Escaramuças permanentes, onde não faltam atos de terrorismo e violações das leis internacionais, trazem sofrimento e tensão para ambos os lados. Uma cultura de ódio e segregação dificulta o trabalho de aproximação e reconhecimento. O fundamentalismo religioso, presente em ambas as partes, apimenta a situação.
Organizações não-governamentais de Israel e dos territórios palestinos, juntamente com personalidades comprometidas com a solução do conflito, lançaram a Iniciativa Cinco de Junho para a Paz Israelense-Palestina (www.june5thinitiative.org). Durante uma semana, a partir do próximo dia 5 de junho, serão convocadas manifestações em muitos países, imantadas pelo princípio de Dois Povos, Dois Estados, Uma Paz. A intenção é mobilizar o maior número possível de pessoas e entidades para que pressionem as lideranças de ambos os povos com vistas a discutir seriamente um acordo de paz. A base do diálogo seriam as fronteiras de junho de 1967. Já há adesões em países como Austrália, Estados Unidos, Bélgica, Canadá, Egito, França e Jordânia, em uníssono com pacifistas de Jerusalém, Ramala, Tel Aviv e Gaza.
A ASA considera relevante esta proposta, embora ela não contemple questões delicadas como a situação dos refugiados palestinos (mais de 4 milhões, segundo a ONU) e o status final de Jerusalém. Entretanto, tendo em vista a animosidade acumulada em décadas de conflitos intermináveis, ela pode ajudar a quebrar a couraça e mandar um sinal claro para os beligerantes: setores importantes das comunidades judaica e árabe condenam a carnificina e defendem o direito de israelenses e palestinos viverem em paz, segurança e prosperidade. Se árabes e judeus marcharem juntos nas ruas de muitos países, estará criado um fato político denso. Ficaremos ao lado daqueles que, no Brasil, se incorporarem a este movimento.
Fonte: ASA