6.2.04

O quebra-cabeça iraquiano

Dividido entre curdos, sunitas e xiitas, o Iraque enfrentará enormes dificuldades na busca por unidade.

Por Emir Sader

Como diz o ditado, “É fácil tirar o fantasma da garrafa. Difícil é colocá-lo de volta.” Países compostos por várias nacionalidades, etnias ou seitas têm dificuldade de manter sua unidade. Quando ela é destruída, sucedem-se instabilidades difíceis de ser superadas. Passou-se e ainda se passa isso com a ex-URSS e a ex-Iugoslávia. A mais nova vítima de um quebra-cabeça desfeito, cuja unidade coloca problemas aparentemente intermináveis, é o Iraque.

Pouco mais de um mês depois da prisão de Saddam Hussein, janeiro bateu os recordes de vítimas, tanto norte-americanas quanto iraquianas. Não há horizonte para uma nova unidade do país, depois da invasão e da ocupação norte-americana.

A divisão entre xiitas, sunitas e curdos, sobre a qual se sobrepõem todas as feridas da invasão, da destruição de símbolos fundamentais para a identidade do país, mais as humilhações vividas pela população, faz com que a tarefa de recompor algum tipo de governo, com um mínimo de representatividade e de estabilidade, se torne quase impossível.

Os xiitas querem uma república islâmica. Lutam por eleições universais e diretas, seguros de que devem triunfar. Mas desejam, com esse triunfo, impor a contrapartida do que era a hegemonia sunita – instalar um outro regime fundamentalista, desta vez xiita. Os curdos são favoráveis a um regime secular, federativo, não dividido por tendências religiosas – que igualmente os dividiria -, mas que lhes permita uma autonomia regional. Os sunitas, considerando-se os principais protagonistas da resistência à ocupação norte-americana, desejam ser mais representados no Conselho de Governo Iraquiano, pretendendo ter papel fundamental em um novo governo.

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